27 abril 2009

Trajetória da filosofia (1)

A história da autoconsciência da humanidade e de seu maravilhamento com o mundo, a paixão pela sabedoria. Assim é a filosofia. A mais antiga filosofia registrada veio da Índia. O hinduismo tem um rico legado de sábios, de especulações e de instituições profundas sobre as maneiras do mundo.

Os antigos textos hindus chamados Vedas remontam a 1400 a.C. e os Upanixadis que se seguiram aos Vedas, datam de 800 a.C. Durante muitos séculos, os filósofos indianos haviam defendido uma concepção de realidade absoluta, ou Brahman, que era totalmente independente da experiência humana comum e por ela desconhecida. Segundo os escritores hindus, o Buda desenvolveu uma visão pela qual nossa concepção comum do universo e de nós mesmos é uma espécie de ilusão. E seus adeptos desenvolveram ricas teorias do conhecimento, da natureza, do eu e suas paixões.
Os hebreus antigos foram uma outra pujante força filosófica no mundo antigo. A concepção de um Deus único e da lei dada por Deus armaram o palco para a civilização ocidental. Eles nos deixaram um dos mais influentes livros da história, a Bíblia hebraica, ou o Antigo Testamento.
Mas antes dos hebreus antigos muitos povos já acreditavam na idéia de um Deus único como os babilônicos, mas o êxito dos hebreus foi contar sua própria história e refletir sobre ela. Já no Oriente Médio (Pérsia), um sujeito chamado Zaratustra de Balkh, ou Zoroastro (660-583 a.C.) começou a se mover rumo a um monoteísmo moral abrangente. Ele já se preocupava com o sofrimento e a maldade no mundo: como pode Deus permitir tamanho sofrimento?.
A China, no século VI a.C. já era uma cultura política extremamente avançada. Confúcio (600-500 a.C.) já falava da arte de governar, de conviver com os outros, do cultivo da virtude pessoal e a evitação do vício. Ele não tinha intenção de fundar religião, mas depois de sua morte ele foi admirado e o confucionismo (assim como o budismo) tornou-se a religião de um terço do mundo.

E é na China do século VI que surge outro sábio chamado Lao-tsé que atribuía grande importância à natureza. Assim tanto o confucionismo quanto para o taoísmo, o desenvolvimento do caráter pessoal é a principal meta da vida. O pessoal é o social (confucionista). O pessoal é a relação com a cultura (taoísta). A filosofia chinesa coincidira na necessidade de harmonia na vida humana.
Os gregos (helenos) não foram, no início, grandes inovadores com a historiografia atual detalhada. Eram um grupo de indo-europeus nômades que vieram do norte e tomaram o lugar de um povo já estabelecido às margens do mar Egeu. Ao começar a comercializar em torno do Mediterrâneo, apropriaram de elementos de outras culturas. Dos fenícios, tomaram um alfabeto, alguma tecnologia e idéias religiosas\ousadas. Do Egito, tomaram os modelos que mais tarde definiram a arquitetura grega, os fundamentos da geometria e algumas das idéias exóticas da religião grega do “mistério” primordial.
Da Babilônia (hoje Iraque), os gregos tomaram a astronomia, a matemática, a geometria e ainda outras idéias religiosas. Assim, a filosofia grega emergiu dessa mistura, dessas idéias que a filosofia (do grego philein, amor, e sophie, sabedoria) nasceu na Grécia...
O primeiro dos filósofos que queria entender a essência de todas as coisas foi o grego Tales, que viveu na Ásia Menor (Turquia) no século VII a.C. (624-546). Ele propôs que tudo efeito de água, via que todos os seres vivos precisam de água para sobreviver, e que, sem ela, a vida é impossível. E ele teve seus discípulos.
Anaximandro (610-545 a.C.), também de Mileto, organizou a cosmologia distinguindo terra, ar, fogo e água e como esses elementos atuavam umas sobre as outras e se opunham entre si. Para ele, o Ilimitado, onde tudo nascia e para onde tudo fluía, não se restringia às coisas da Terra. Nos céus também mundos surgiam do Ilimitado.
A filosofia milesia continuou com Anaxímenes que afirmou que o ar era o mais essencial dos elementos, condensando-se e evaporando, aquecendo-se e resfriando-se, adensando-se e rarefazendo-os. Tales, Anaximandro e Anaxímenes foram materialistas: o mundo era composto de algum tipo básico de matéria, fosse ela água, ar ou apeíron.

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