Três conteúdos fundamentais do século XX vieram do século XIX: O marxismo, a psicanálise e a arte moderna. O marxismo trouxe uma renovação na ordem do pensamento e na ordem prática política e econômica ao propor que havia um movimento de ascensão das massas que chegariam ao poder até que se estabelecesse uma sociedade dialética, no futuro, muito próxima da utopia. A psicanálise propõe que o inconsciente (até então mal conhecido) fosse o gerador, o estruturador de uma energia simbólica. Essa e outra série de conceitos transformou o comportamento individual e social. Nos anos 60, essas idéias passaram a ser revista. Os psicanalistas começaram a discordar de Freud até surgiu a antipsiquiatria. O marxismo entrou em processo de revisão.
O século XIX desmontou e misturou os significados e as formas da arte como nunca se fizera antes. Deixados longe passadas sacralidades, a arte se aproxima da filosofia. E opta pela emoção, pela intuição e fugacidade do instante. Mas separa-se como nunca razão de emoção, enfatizando esta cisão sobre todas as outras separações/compartimentações acadêmicas.
O modernismo mostrou que tanto quanto na política, na arte o racionalismo podia também se transformar num fim absoluto. Durante o transcorrer do período a arte vai, aos poucos, buscando cada vez mais o novo, a ruptura com os antigos padrões. Modernos versus antigos é a grande briga, que se configura até o surgimento, no começo do século XX, da idéia de vanguarda. Para os Tempos Modernos (anos 20/30), vanguarda em arte tem um sentido racionalista, quase científico. É, principalmente, transformação formal, espiritual, conceitual ou qualquer nome que se queira dar.
Assim, a questão racionalismo versus emoção atravessou as últimas décadas artistas do século XX. Posições intransigentes foram tomadas a favor dos construtivistas, concretistas, racionalistas, entre outros, ou dos artistas gestuais do expressionismo abstratos.
ESCOLAS ESTÉTICAS
No século 20 foram criadas mais escolas estéticas do que em toda a história da arte. As obras – no dizer do escritor satírico americano Tom Wolfe-, precisarem de legendas para ser entendidas. No livro A Palavra Pintada, Wolfe se referia principalmente à escola conhecida como expressionismo abstrato, na qual um crítico, Clement Greenberg, não se limitava a analisar as obras. Ele chegou a influir diretamente na pintura do principal representante do movimento, Jackson Pollock, para que ela confirmasse suas teorias.
A ironia que Tom Wolfe trata dos teóricos da arte moderna é fina e com fundamento, ou seja, ele não faz críticas raivosas contra a teoria da arte moderna. Simplesmente mostra como se conduziu os movimento avant garde do começo do século XX até o início dos anos 70, a começar pelo deslocamento de Paris para Nova York o centro mundial da Arte. Assim, Tom Wolfe analisando a arte nos Estados Unidos nos anos 70 em seu livro A Palavra Pintada, observou que a pintura havia se transformado em texto escrito, ou que o conceito verbal, como se diz em economia, era “valor agregado” à obra.
A idéia de Wolfe poderia ser aplicada a várias outras escolas artísticas, como o dadaísmo do início do século XX. Para entender como uma roda de bicicleta enfiada num banco (como a que Marcel Duchamp colocou num museu em 1912) pode transformar-se numa escultura é preciso saber que não se trata apenas de uma roda de bicicleta, mas de um questionamento da própria idéia de arte. Ou seja, é preciso uma legenda. Surrealismo, cubismo, futurismo, suprematismo – o século estava cheio de "ismos" e terminou, paradoxalmente, com um retorno da pintura a suas raízes realistas. Na era da indústria cultural, as artes plásticas viveram ainda um período em que o valor dos quadros, transformados em objetos de especulação, disparou. O pico ocorreu nos anos 80, quando milionários japoneses entraram no mercado e puxaram para cima o preço de várias obras. O recorde foi atingido por uma pintura do século passado, Retrato do Dr. Gachet, de Vincent van Gogh, vendida por 82,5 milhões de dólares em 1990.
Sintaxe, só pra começar... Linguagens são (mesmo as léxicas), em um primeiro momento, uma questão de sintaxe. Depois disso, pode-se levar os símbolos gráficos a outras esferas. Concordo que a história e a educação têm muito a nos ensinar: aos que falam, aos que ouvem, aos que lêem, e também, aos que escrevem, of course, my dear!
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Sarah