Com formação rigorosamente católica, que o levaria a trabalhar em um jornal de linha clerical nacionalista, o Le Vingtième Siécle, Hergé já foi acusado de colaboracionista durante a Segunda Guerra e Tintin de reacionário e colonialista. Ele descreveu a evolução do mundo com os olhos do homem comum, da forma de pensar dos europeus de sua época. Traçou os soviéticos como hipócritas e incapazes, os japoneses como cruéis e falsos, os americanos como agressivos, os árabes como mistura de modernos e obscurantismo, e assim por diante.
Os quatros primeiros episódios que criou (Tintin no País dos Sovietes, Tintin no Congo, Tintin na América e Os Charutos do Faraó) não tinham uma verdadeira sequência, e sim um conjunto de “gags”. Motivo: Hergé concebia suas histórias em função da publicação num jornal e teria que criar “suspense” diariamente. No sexto episódio, A Orelha Quebrada, a estatueta percorre toda a obra, perseguida incessantemente pelos vários protagonistas. Aos poucos, Hergé deixa de lado a visão estereotipada que dominou suas primeiras obras (visão eurocêntrica) e passa a dedicar mais atenção à elaboração das histórias e à pesquisa aprofundada sobre povos e lugares onde se situariam as aventuras de Tintin.
O museu imaginário de Tintin é riquíssimo. desenhos claros, contornos precisos, assim como as cores e os cortes nos quadrinhos. se a paginação é quase convencional (por causa das tiras iniciais), é compensada por planos de ação cinematográficos e detalhes fascinantes. Todos os seus desenhos são baseados minuciosamente em originais.
Antes de Tintin, as tiras em quadrinhos européias ainda encontrava-se na idade da pedra. Hergé acabou influenciando diversos desenhistas, criando o que se denominou a “escola belga” de quadrinhos. Mas a consagração definitiva só se deu durante os anos 50. Seu traço é sempre claro, fino, definido, exato como um mapa. Perfeito em cada detalhe, admirável na organização das cores.
Antes de Tintin, as tiras em quadrinhos européias ainda encontrava-se na idade da pedra. Hergé acabou influenciando diversos desenhistas, criando o que se denominou a “escola belga” de quadrinhos. Mas a consagração definitiva só se deu durante os anos 50. Seu traço é sempre claro, fino, definido, exato como um mapa. Perfeito em cada detalhe, admirável na organização das cores.
O pequeno repórter de Hergé é o símbolo de um estilo de desenho e narrativa que influenciou algumas gerações de desenhistas do velho continente. O personagem é a ponte entre a escola européia contemporânea e a norte americana no início do século XX. Três nomes se destacam entre os principais cultivadores do estilo Hergé no quadrinho contemporâneo. Um deles é Ives Chaland que criou o personagem Freddy Lombard, uma espécie de Tintin adulto. O outro é o holandês Joos Swarte que se revelou na revista Charlie e explora o design dos anos 50. O terceiro é o espanhol Daniel Torres cuja ligação com Hergé está nos cenários. Sua inspiração no rock, jazz e cinema dos anos 50 estão mesclados ao detalhismo hergeniano.
Ao morrer em 1983, Hergé deixou uma legião de seguidores de seu traço. Ele, que inspirado nos trabalhos de Mac Manus, o criador de Pafuncio e Marocas, desenvolveu uma técnica de desenho depois batizado de “linha clara”, que quase não contém manchas pretas, acabou por criar um estilo próprio para os multicoloridos quadrinhos europeus. Desta forma, o traço limpo de Hergé fez escola. De Moebius (O Incal), Daniel Torres (Triton), Goscinny e Uderzo (Asterix), Francisco Ibañez (Mortadelo & Salaminho), entre outros, são seus discípulos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário