27 janeiro 2009

Bá e Moon, invencíveis (1)

O ano de 2008 foi dos desenhistas Gabriel Ba e Fábio Moon (irmãos gêmeos). Eles foram vencedores de diferentes premiações nos Estados Unidos e no Brasil. Os dois desenhistas ganharam destaque na mídia brasileira por conta dos três prêmios vencidos no Eisner Awards, a maior premiação da indústria de quadrinhos norte-americano e o maior em relevância no mundo. A conquista sucedeu outras, Harvey Awards e Scream Awards, ambos norte-americanos. No Brasil, a dupla foi premiada com um dos prêmios Jabuti de literatura pela adaptação em quadrinhos do conto “O Alienista”, de Machado de Assis. Como se não bastasse os quatro prêmios, eles ainda tiveram duas obras (O Alienista e Meu Coração não sei Porquê) incluídas na lista do PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola) do ano passado.

Desde criança que os dois liam Mônica, Disney, Mad, Chiclete com Banana, Piratas do Tietê, Garfield, Calvin e Haroldo, os super heróis. “Ler Jorge Amado na escola também nos influenciou muito. Um bando de jovens com problemas em Salvador, e como éramos jovens pensávamos: ´putz podia ser eu`. Aquilo nos marcou muito. Toda história que a gente lia nos livros tentamos passar para os quadrinhos”, conta Gabriel. “Tem também o Sherlock Holmes, com suas histórias de quebra cabeça. A gente ficava montando as peças e tentando desvendar o final”, revela Fábio.
10 PÃEZINHOS
Em 1977 os irmãos quadrinhistas de São Paulo criaram a série 10 Pãezinhos, fanzine que lutava para sobreviver nos anos 90. Com “O Girassol e a Lua”, sua primeira história longa e o primeiro álbum lançado em 2000 pela Via Lettera foi considerada como a melhor história, o que lhe rendeu os primeiros troféus HQ Mix.

Desde 2000 eles lançaram cinco livros dos 10 Pãezinhos, quatro revistas independentes e ganharam 11 HQ Mix e 3 troféus Ângelo Agostini. Em 2003 eles publicaram uma HQ de oito páginas na antológica Autobiographix, que foi indicada ao Eisner. No ano seguinte lançaram Ursula pela Art´Planet Lar e Rock´n´Roll independente. Em 2005 foi a vez do Rock´n´nRoll pela Image e o Smoke and Guns pela A it. Em 2006 foi lançado o De: Tales pela Dark Home, indicado ao Eisner Award, e fizeram o Casanova e participaram do 24 seven. Em 207 participaram do segundo volume do 24 seven, do Flight, mais Casanova e fizeram o Umbrella Academy, o Sugar Shock, ambos pela Dark Horse e o quinto independente. No ano passado ganharam três Eisner Awards.
A trajetória desses meninos é ímpar. Subverteram a fórmula de sucesso que consagraram nomes brasileiros lá fora, como Mike Deodato e Ed Benes ao lançarem um trabalho autoral longe de editoras grandes como Marvel e DC.
O ALIENISTA
Na adaptação do conto O Alienista, de Machado de Assis, Flávio Moreira da Costa informou na introdução: “O alienista, esta história tão bem contada, sempre foi inspiração ou tentação para cineastas e criadores em geral – ao que me lembre, Nelson Pereira dos Santos adaptou-a para o longa-metragem Um asylo muito louco; Jorge Laclete (creio que não foi o único) transformou-a em peça; e agora ei-la em história em quadrinhos – que é como se chamavam na minha infância as hoje adultas graphic novels. Não seria isto uma prova de seu potencial narrativo, do encanto que a própria história contém e que atinge todos nós, leitores e espectadores? (...)”

“Machado de Assis foi leitor de Poe, e os irmãos Fábio Moon e Gabriel Ba são leitores de Machado de Assis – assim caminha a humanidade (e as artes em geral). Os gêmeos deixam aqui sua comprovada admiração, transcriando, intercriando, recriando – que é tudo uma forma de criação/homenagear a história ´aloprada´ de Simão Bacamarte. Conhecem aquela velha frase publicitária: ´Veja o filme, leia o livro´?. Pois leia a história machadiana, veja/lia esta homenagem que os irmãos prestam ao nosso gênio. Não tenha sido da ´loucura´ nem da boa literatura. Taí, rimou e é uma boa solução”.

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