07 outubro 2008

Gil, um pulsar do infinito (2)

Aos 29 anos Gilberto Gil se auto definia como “um homem de dados”, sempre deixando suas idéias ligadas, acesas e conectadas com o presente. “Já fui mais romântico, mais iludido mesmo. Já fui mais ideológico, hoje sou mais ecológico” (...) Prefiro os corpos que ressuscitam e se levantam apesar de tudo. Prefiro a herança dos heróis, dos mártires e dos santos. Tudo aquilo que eles deixaram como palavra de fé. Prefiro viver o ideal deles” (1979).

“Queremos saber o que vão fazer com as novas invenções. Queremos notícia mais séria sobre a descoberta da antimatéria e suas implicações na emancipação do homem das grandes populações. Homens pobres das cidades, das estepes, dos sertões. Queremos saber quando vamos ter raio laser mais barato. Queremos de fato um retrato mais sério do mistério da luz do disco voador, pra iluminação do homem, tão carente e sofredor, tão perdido na distância da morado do Senhor. Queremos saber, queremos viver confiantes no futuro. Por isso se faz necessário prever qual o itinerário da ilusão, a ilusão do poder. Pois se foi permitido ao homem tantas coisas conhecer, é melhor que todos saibam o que pode acontecer. Queremos saber, queremos saber, todos queremos saber” (1976).

“A cor negra é como um combustível luminoso, vibrátil, que fornece uma espécie de energia pra toda a humanidade, da qual a humanidade está cada vez mais carente, uma energia telúrica, tá entendendo? Ela dá no sentido principalmente da miscigenação que vai se fazendo cada vez\mais no mundo” (1977). “É o que estou fazendo, um gesto que pretende tornar-se visível para as duas áreas, a política e a cultural. Os políticos têm de se preparar para aceitar essa aproximação com a cultura, aceitara idéia de que a cultura lhe lega uma dimensão que está faltando em seu mundo. O mundo cultural, por sua vez, precisa sujar um pouco as mãos, sair dessa coisa aristocrática, dessa preguiça, desse medo de encarar o trabalho social, desse receio da degradação. Alguém tem de entender que, de repente, é preciso que a política e a cultura se misturem” (1987).

“Olha, eu diria que fui uma pessoa crente e temente a Deus na infância, até um certo momento da juventude; depois, eu continuei crente mas não mais temente a Deus, durou um certo período da maturidade; depois, me tornei descrente....agnóstico... e, hoje em dia, eu diria que convivo bem com qualquer uma dessas fragmentações do sentimento. Hoje procuro não ter sentimentos com relação a Deus, basta ter pensamento... Aliás, isso não é relativo só a Deus, isso é uma coisa que, dentro da minha visão de economia existencial, abrange uma perspectiva e tudo que signifique minhas relações entre interioridade e o exterior” (1995).

“Adoro a idéia de envelhecer, acho um privilégio. Se a pessoa adquire bons hábitos, zela por si e consegue manter a saúde, não há período mais belo da vida, quando você se soma à sabedoria” (1997). “As novas tecnologias, elas atacam esse problema de dicotomia entre o local e o global de uma forma muito direta. Por exemplo, a questão da internet, da banda larga, da televisão digital ou da rádio comunitária, as trocas que são possíveis nesses instrumentos se dão na possibilidade jade âmbito internacional, de âmbito global. Você pode estar aqui, produzir um conteúdo daqui, deflagrar uma manifestação cultural num ponto da periferia do Rio de Janeiro e de repente você está conectado com a África, com a Ásia, com a Índia, com os Estados Unidos“ (2004).

“O Carnaval sempre foi uma festa ligada à nobreza, ao mundo católico, uma janela permissiva dentro das interdições da vida católica. Aqui é assim também, foi feita assim, com o povo participando e compartilhando da festa em vários níveis” (2007). No final da obra, a cronologia do autor. Desde seu nascimento, em 1942, até 2007 com sua turnê Banda Larga para o Brasil, continuando a promoção da inclusão digital, software livre e pela flexibilização de direitos autorais.

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