Há dez anos o quadrinhista Antonio Cedraz vem publicando ininterruptamente no jornal A Tarde as tiras A Turma do Xaxado. Para comemorar a data, ele está lançando o livro Xaxado – Ano 3. Esse volume compila 365 tiras publicadas no jornal entre 2001 e 2002. Hoje, além do jornal baiano A Tarde, a Turma do Xaxado é publicado também no Diário do Nordeste, de Fortaleza (CE). “Tudo começou em 1998, quando Sérgio Mattos editor do caderno Municípios, do jornal A Tarde pediu-me para fazer algumas histórias com um personagem interiorano. Levei algumas tiras de Xaxado, imediatamente aceitas e publicadas duas vezes por semana. Logo depois, o personagem migrou para a seção de quadrinhos do jornal e passou a ser publicado diariamente. Depois, vieram cartões telefônicos, revistas em quadrinhos, revistas de atividades, exposições, seis troféus HQ Mix e mais de duas dezenas de livros publicados. Muitas outras surpresas estão por vir”, conta Cedraz na apresentação da obra.
“A Turma do Xaxado mergulha sobre as lendas e sobre a dura realidade do sertão, sem descuidar da crítica social, e produz um resultado tão eclético que às vezes é difícil precisar a que faixa etária se destinam as histórias. Xaxado agrada igualmente a criança e o adulto. Diverte, ensina e chama à reflexão. Num mercado editorial saturado de criaturas super-qualquer-coisa, que só falam inglês, é um colírio encontrar uma publicação que fale de nossas raízes e dá voz aos que passam por inaceitáveis desamparo em pleno século XXI”, informa Cláudio Oliveira, mestre em Letras que defendeu dissertação sobre A Turma do Xaxado. Nesse livro tem ainda uma apresentação dos personagens em forma de cordel, feitas por Antonio Barreto.
ORIGEM – Xaxado é uma dança de guerra e entretenimento criada pelos cangaceiros de Lampião no inicio dos anos 20, no agreste pernambucano. Ainda na época do cangaço tornou-se popular em todos os bandos de cangaceiros espalhados pelos sertões nordestinos. Era uma dança exclusivamente masculina, por isso nunca foi considerada uma dança de salão, mesmo porque naquela época ainda não haviam mulheres no cangaço. Originalmente a estrutura básica do xaxado é da seguinte forma: avança o pé direito em três e quatro movimentos laterais e puxa o pé esquerdo, num rápido e deslizado sapateado. Os passos estão relacionados com gestos de guerra, são graciosos, porém firmes. a presença feminina aparece depois da inclusão de Maria Bonita ao bando de Lampião.
A origem da palavra é uma onomatopeia do barulho xa-xa-xa feito pelos dançarinos quando arrastam as alpercatas no chão. Xaxado retrata a vida rural do nordeste mostrando o dia a dia do sertanejo sob os mais diversos aspectos: o dia a dia, a relação com a terra, as lendas e mitos, a seca e muito mais. A simplicidade e originalidade do autor em muito se assemelha aos seus personagens, seja ele Xaxado (o líder da turma, neto de cangaceiro), Zé Pequeno (o preguiçoso), Marieta (sabe-tudo da turminha), Arturzinho (filho de fazendeiro abastado), Seu Enoque e Dona Fulo (pais de Xaxado), entre outros. Eles dão vida, humor e significado também a cultura baiana.
Num mercado restrito que é o do grafismo no Brasil, onde há descrença que quadrinho nacional não vende, na Bahia pior ainda. Aqui não temos editoras para publicar as criações dos artistas locais. Nos anos 70 fundei com alguns amigos o Clube da Editora Juvenil, mais tarde conhecido como Centro de Pesquisa e Comunicação de Massa. Na época publicávamos o fanzine Na Era dos Quadrinhos com estudos e pesquisas sobre quadrinhos, charges, caricaturas, desenhos de humor. Mais tarde essas pesquisas foram publicadas semanalmente na grande imprensa. Mas era pouco para ajudar os artistas gráficos.
Resolvemos realizar exposições em escolas, galerias de artes e shoppings seguindo de palestras para acentuar mais os trabalhos de nossos artistas. E finalmente quando passei a editar os cadernos de cultura da imprensa baiana resolvi abrir espaço para as tiras da Bahia. Essa valorização foi seguida por outros jornais. Na época muitos jovens só se interessavam em criar personagens super poderosos, voadores, super heróis imitações dos norte americanos.
Mas havia um grupo que se destacava para outras criatividades. Nildão, Setúbal, Lage, Cedraz, Dílson Midlej, Aps entre outros estavam nessa leva de criadores. Com o tempo fui me afastando dos quadrinhos (depois de publicar dois livros sobre o assunto) e fui me dedicar em outras artes (cinema, literatura, poesia, música, artes plásticas), mas sempre procurava me atualizar com os quadrinhos.
Cedraz seguiu no foco dos quadrinhos infantis – era uma paixão que ele não deixaria nunca. Saindo do pequeno município de Miguel Calmon, passando por Jacobina até chegar em Salvador ele passou por diversos obstáculos, muitas barreiras, mas sempre com fé naquilo que fazia. E isso é notável em sua trajetória. Um guerreiro, nada desanimava o rapaz, por mais que as portas se fechavam para ele, outra se abria. Seus quadrinhos começaram a ter maior visibilidade quando ele partiu para divulgar no interior do estado, depois em outras localidades. Um de seus livros, Turma do Xaxado – Volume 2, foi incluído no Programa Nacional Biblioteca na Escola onde o governo federal distribui nas escolas dos ensinos fundamental e médio.
Novos livros estão em pauta no estúdio onde ele fundou e trabalha junto com uma equipe composta de argumentista, desenhista, arte finalista e colorista. Sua filha se dedica na parte administrativa. E vem aí desenho animado, revista de circulação nacional e muito mais. Seus personagens serão licenciados, brevemente, para diversos produtos e serviços. Toda esta fase vitoriosa passou por uma trajetória espinhosa que só os artistas nordestinos sabem como é. O nordestino é antes de tudo um forte.
Quem deseja adquirir o livro de Cedraz, basta enviar um e-mail para editora@estudiocedraz.com.br. Maiores informações podem ser acessadas no site http://www.xaxado.com.br. Lá tem diversas tiras, informações e fascículos educativos. Vale a pena conferir.
“A Turma do Xaxado mergulha sobre as lendas e sobre a dura realidade do sertão, sem descuidar da crítica social, e produz um resultado tão eclético que às vezes é difícil precisar a que faixa etária se destinam as histórias. Xaxado agrada igualmente a criança e o adulto. Diverte, ensina e chama à reflexão. Num mercado editorial saturado de criaturas super-qualquer-coisa, que só falam inglês, é um colírio encontrar uma publicação que fale de nossas raízes e dá voz aos que passam por inaceitáveis desamparo em pleno século XXI”, informa Cláudio Oliveira, mestre em Letras que defendeu dissertação sobre A Turma do Xaxado. Nesse livro tem ainda uma apresentação dos personagens em forma de cordel, feitas por Antonio Barreto.
ORIGEM – Xaxado é uma dança de guerra e entretenimento criada pelos cangaceiros de Lampião no inicio dos anos 20, no agreste pernambucano. Ainda na época do cangaço tornou-se popular em todos os bandos de cangaceiros espalhados pelos sertões nordestinos. Era uma dança exclusivamente masculina, por isso nunca foi considerada uma dança de salão, mesmo porque naquela época ainda não haviam mulheres no cangaço. Originalmente a estrutura básica do xaxado é da seguinte forma: avança o pé direito em três e quatro movimentos laterais e puxa o pé esquerdo, num rápido e deslizado sapateado. Os passos estão relacionados com gestos de guerra, são graciosos, porém firmes. a presença feminina aparece depois da inclusão de Maria Bonita ao bando de Lampião.
A origem da palavra é uma onomatopeia do barulho xa-xa-xa feito pelos dançarinos quando arrastam as alpercatas no chão. Xaxado retrata a vida rural do nordeste mostrando o dia a dia do sertanejo sob os mais diversos aspectos: o dia a dia, a relação com a terra, as lendas e mitos, a seca e muito mais. A simplicidade e originalidade do autor em muito se assemelha aos seus personagens, seja ele Xaxado (o líder da turma, neto de cangaceiro), Zé Pequeno (o preguiçoso), Marieta (sabe-tudo da turminha), Arturzinho (filho de fazendeiro abastado), Seu Enoque e Dona Fulo (pais de Xaxado), entre outros. Eles dão vida, humor e significado também a cultura baiana.
Num mercado restrito que é o do grafismo no Brasil, onde há descrença que quadrinho nacional não vende, na Bahia pior ainda. Aqui não temos editoras para publicar as criações dos artistas locais. Nos anos 70 fundei com alguns amigos o Clube da Editora Juvenil, mais tarde conhecido como Centro de Pesquisa e Comunicação de Massa. Na época publicávamos o fanzine Na Era dos Quadrinhos com estudos e pesquisas sobre quadrinhos, charges, caricaturas, desenhos de humor. Mais tarde essas pesquisas foram publicadas semanalmente na grande imprensa. Mas era pouco para ajudar os artistas gráficos.
Resolvemos realizar exposições em escolas, galerias de artes e shoppings seguindo de palestras para acentuar mais os trabalhos de nossos artistas. E finalmente quando passei a editar os cadernos de cultura da imprensa baiana resolvi abrir espaço para as tiras da Bahia. Essa valorização foi seguida por outros jornais. Na época muitos jovens só se interessavam em criar personagens super poderosos, voadores, super heróis imitações dos norte americanos.
Mas havia um grupo que se destacava para outras criatividades. Nildão, Setúbal, Lage, Cedraz, Dílson Midlej, Aps entre outros estavam nessa leva de criadores. Com o tempo fui me afastando dos quadrinhos (depois de publicar dois livros sobre o assunto) e fui me dedicar em outras artes (cinema, literatura, poesia, música, artes plásticas), mas sempre procurava me atualizar com os quadrinhos.
Cedraz seguiu no foco dos quadrinhos infantis – era uma paixão que ele não deixaria nunca. Saindo do pequeno município de Miguel Calmon, passando por Jacobina até chegar em Salvador ele passou por diversos obstáculos, muitas barreiras, mas sempre com fé naquilo que fazia. E isso é notável em sua trajetória. Um guerreiro, nada desanimava o rapaz, por mais que as portas se fechavam para ele, outra se abria. Seus quadrinhos começaram a ter maior visibilidade quando ele partiu para divulgar no interior do estado, depois em outras localidades. Um de seus livros, Turma do Xaxado – Volume 2, foi incluído no Programa Nacional Biblioteca na Escola onde o governo federal distribui nas escolas dos ensinos fundamental e médio.
Novos livros estão em pauta no estúdio onde ele fundou e trabalha junto com uma equipe composta de argumentista, desenhista, arte finalista e colorista. Sua filha se dedica na parte administrativa. E vem aí desenho animado, revista de circulação nacional e muito mais. Seus personagens serão licenciados, brevemente, para diversos produtos e serviços. Toda esta fase vitoriosa passou por uma trajetória espinhosa que só os artistas nordestinos sabem como é. O nordestino é antes de tudo um forte.
Quem deseja adquirir o livro de Cedraz, basta enviar um e-mail para editora@estudiocedraz.com.br. Maiores informações podem ser acessadas no site http://www.xaxado.com.br. Lá tem diversas tiras, informações e fascículos educativos. Vale a pena conferir.
Cedraz é uma pessoas maravilhosa e que mereçe , e muito, respeito!!! Trabalho impecavel!!!
ResponderExcluirGutemberg.. depois de uma visitada no meu blog: www.pigarts.blogspot.com
abraços!!!
Val
ResponderExcluirCedraz está em sua melhor fase. E continua uma pessoa simples, isso é admirável.
Acabei de olhar seu blog Pigarts e tem muita coisa boa para refletir.
Vou colocar nos meus favoritos para poder ler diariamente.
Um abraço
Muito bom seu blog e trabalho muito bom também rever o CEDRAZ com quem tive contato nos anos 80 valeu!
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