O drama do mito tem no herói, desde tempos imemoráveis, o personagem principal. É impossível pensar a mitologia sem o heroísmo, porque se entrelaçam e se confundem naquilo que podemos definir como transcendência do Eu. O herói é alguém que deu a própria vida por algo maior do que ele mesmo. Mas é bom lembrar essa frase: “Basta um instante para fazer um herói, mas precisa-se de uma vida inteira para fazer um homem do bem”. Os deuses gregos nasceram enraizados em reações humanas diante da vida. Seres carnais, seu comportamento ainda sobrevive na cultura moderna e permanecem vivos exatamente porque são mitos criados à semelhança de seu criador: o homem.
No princípio, era o Caos. O Caos engendrou o Érebro, as trevas infernais, a noite, o dia e o éter, o céu superior. Depois veio Géia, a Terra, e Eros, o Amor. De Géia, nasceu Urano, o céu. E de Géia e Urano surgiu a primeira geração divina da mitologia grega. Nunca se viu mitologia tão humana como a grega. Tão humana que os deuses frequentemente desciam do Olimpo para se intrometer na vida dos mortais, quando não para se entregar a eles.
Hermes, por exemplo, capaz de atravessar o espaço repentinamente, graças às suas sandálias aladas, é o Superman de hoje (ou o Flash, o homem relâmpago, para ser mais preciso). E Afrodite, exuberante, que encarna a fecundidade, mas também o erotismo, um tipo de Marilyn Monroe ou Catherine Deneuve do cinema. A mitologia era a projeção, na tela do céu, da imaginação, dos desejos e dos temores dos gregos. Os combates do Olimpo refletiam fielmente as rivalidade reais entre as cidades. Segundo as lendas, cada cidade possuía seu deus fundador. Zeus (senhor do raio e do trovão) é originário de Creta; Dionísio (deus da força vital), da Trácia; Afrodite (deusa do amor), de Rodes; Atemis (deus da caça), de Esparta. Os habitantes dessas cidades consideravam os deuses como seus longínquos ancestrais. Assim deuses e humanos são quase a mesma família.
A figura do herói fascina o cidadão comum. Com ele nos transportamos para um mundo mágico, onde as soluções dependem desse ser encantado. Na Antiguidade, o herói era cantado em prosa e verso (Ilíada, Odisséia). A mitologia grega era povoada de herói (Aquiles, Heracles, Ulisses). Mas todas as culturas tiveram ou têm os seus heróis e seu significado é modelo exemplar para a sua comunidade. E mesmo na mitologia, o herói nem sempre é perfeito. Heracles matou os próprios filhos. Teseu abandonou Ariadne que o havia ajudada a percorrer o Labirinto.
Há heróis da pátria (Tiradentes, Bolívar, Bonaparte) que merecem um lugar no panteão, há outros que são produtos de biógrafos e historiadores. São alguns dos homens públicos que acabam recebendo coroa de louros nas páginas da História porque tiveram enriquecimento ilícito de parentes ou propina das empreiteiras. É do poeta Jean Cocteau esta convicção: “A História prefere a Mitologia, porque a História parte da verdade e ruma em direção à mentira; a Mitologia parte da mentira e se aproxima da verdade”. E o que dizer do anti-herói? O sem nenhum caráter Macunaíma, de Mário de Andrade, ou do herói bandido como Robin Hood nos bosques de Sherwood, Giuliano nas montanhas da Sicília ou Lúcio Flávio nos morros do Rio. Tem ainda os heróis trágicos, os mártins como Saco e Vanzetti do movimento comunista, Joana D´Arc, Maria Quitera entre outros.
Sabemos apenas que nos dias de hoje os heróis mitológicos foram substituídos pelos heróis da moderna ficção: cinema, televisão, histórias em quadrinhos e videogame. Os do cinema são mais perenes (por graças aos mitos criados pelo celulóide que a arte cinematográfica construiu a ponto que faz com que o mundo bidimensional da tela e o tridimensional do espectador entram em confluência), enquanto os da TV são mais voláteis, têm vida curta. Gary Cooper, Errol Flynn, Greta Garbo, Claudia Cardinale, Brigitte Bardot encantaram gerações e gerações, agora os tempos são outros e a TV vai competir com o cinema mas sem a mesma capacidade de sedimentar a figura do herói. A TV fabrica mitos e os devora. Já nas histórias em quadrinhos os super-heróis continuam imbatíveis. Abrangendo um público que vai da criança ao adulto, o culto é de encantamento. Por isso o cinema e a TV estão sempre aproximando os mitos dos quadrinhos para permanecerem atuais e atingir o grande público.
No princípio, era o Caos. O Caos engendrou o Érebro, as trevas infernais, a noite, o dia e o éter, o céu superior. Depois veio Géia, a Terra, e Eros, o Amor. De Géia, nasceu Urano, o céu. E de Géia e Urano surgiu a primeira geração divina da mitologia grega. Nunca se viu mitologia tão humana como a grega. Tão humana que os deuses frequentemente desciam do Olimpo para se intrometer na vida dos mortais, quando não para se entregar a eles.
Hermes, por exemplo, capaz de atravessar o espaço repentinamente, graças às suas sandálias aladas, é o Superman de hoje (ou o Flash, o homem relâmpago, para ser mais preciso). E Afrodite, exuberante, que encarna a fecundidade, mas também o erotismo, um tipo de Marilyn Monroe ou Catherine Deneuve do cinema. A mitologia era a projeção, na tela do céu, da imaginação, dos desejos e dos temores dos gregos. Os combates do Olimpo refletiam fielmente as rivalidade reais entre as cidades. Segundo as lendas, cada cidade possuía seu deus fundador. Zeus (senhor do raio e do trovão) é originário de Creta; Dionísio (deus da força vital), da Trácia; Afrodite (deusa do amor), de Rodes; Atemis (deus da caça), de Esparta. Os habitantes dessas cidades consideravam os deuses como seus longínquos ancestrais. Assim deuses e humanos são quase a mesma família.
A figura do herói fascina o cidadão comum. Com ele nos transportamos para um mundo mágico, onde as soluções dependem desse ser encantado. Na Antiguidade, o herói era cantado em prosa e verso (Ilíada, Odisséia). A mitologia grega era povoada de herói (Aquiles, Heracles, Ulisses). Mas todas as culturas tiveram ou têm os seus heróis e seu significado é modelo exemplar para a sua comunidade. E mesmo na mitologia, o herói nem sempre é perfeito. Heracles matou os próprios filhos. Teseu abandonou Ariadne que o havia ajudada a percorrer o Labirinto.
Há heróis da pátria (Tiradentes, Bolívar, Bonaparte) que merecem um lugar no panteão, há outros que são produtos de biógrafos e historiadores. São alguns dos homens públicos que acabam recebendo coroa de louros nas páginas da História porque tiveram enriquecimento ilícito de parentes ou propina das empreiteiras. É do poeta Jean Cocteau esta convicção: “A História prefere a Mitologia, porque a História parte da verdade e ruma em direção à mentira; a Mitologia parte da mentira e se aproxima da verdade”. E o que dizer do anti-herói? O sem nenhum caráter Macunaíma, de Mário de Andrade, ou do herói bandido como Robin Hood nos bosques de Sherwood, Giuliano nas montanhas da Sicília ou Lúcio Flávio nos morros do Rio. Tem ainda os heróis trágicos, os mártins como Saco e Vanzetti do movimento comunista, Joana D´Arc, Maria Quitera entre outros.
Sabemos apenas que nos dias de hoje os heróis mitológicos foram substituídos pelos heróis da moderna ficção: cinema, televisão, histórias em quadrinhos e videogame. Os do cinema são mais perenes (por graças aos mitos criados pelo celulóide que a arte cinematográfica construiu a ponto que faz com que o mundo bidimensional da tela e o tridimensional do espectador entram em confluência), enquanto os da TV são mais voláteis, têm vida curta. Gary Cooper, Errol Flynn, Greta Garbo, Claudia Cardinale, Brigitte Bardot encantaram gerações e gerações, agora os tempos são outros e a TV vai competir com o cinema mas sem a mesma capacidade de sedimentar a figura do herói. A TV fabrica mitos e os devora. Já nas histórias em quadrinhos os super-heróis continuam imbatíveis. Abrangendo um público que vai da criança ao adulto, o culto é de encantamento. Por isso o cinema e a TV estão sempre aproximando os mitos dos quadrinhos para permanecerem atuais e atingir o grande público.
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