Os EUA não são uma sociedade 100% laica, secular, materialista. Ela tem também um forte componente de religião, de idealismo, de messianismo, que estudiosos como Tocqueville, Edmund Wilson e Robert Hughes cansaram de demonstrar. E é esse salvacionismo moralista de parte da sociedade americana que está montado nos Tomahawks agora. O terrorismo faz as vezes do comunismo: justificaria qualquer ação contrária.
O problema de Bush II não é ser contra a expansão de um fundamentalismo islâmico armada sobre a parceria de tiranos e terroristas. Seu problema é representar uma facção da sociedade americana que é muito parecida com esses fundamentalismos quando seus interesses estão em jogo. A comparação entre as sociedades não dá para a saída. A liberdade e a tolerância que se encontram nos EUA, especialmente em Nova York, são inassimiláveis pelas sociedades teocráticas. Mas também incomodam boa parcela dos próprios americanos como Bush II, que, apesar de usar a tecnologia bélica que usa, já deixou bem claro o quanto desconfia da ciência e do agnosticismo. Eis a questão. A desinformação foi bastante utilizada como arma de guerra pela coalização anglo-americana.
História do Iraque
Na Antiguidade, a Mesopotâmia foi o berço das cidades-Estado sumérias, onde floresceram as civilizações acadiana, babilônia e assíria. Sofreu invasões persas e romanas. Mas sua identidade étnica, lingüística e religiosa foi moldada pela invasão árabe do século 7º. Bagdá, fundada para substituir Damasco como sede do califado, tornou-se o centro do mundo árabe-muçulmano que se estendia do Magreb ao Afeganistão. No século 9º, no Iraque, irrompeu a querela de sucessão que originou a dissidência xiita. Sob o califado abácida, o árabe tornou-se uma língua geral dos fiéis do islã, difundindo-se pela África do Norte e grande parte do Oriente Médio. Uma cultura compartilhada assinalou o apogeu do mundo árabe, que contrastava com o atraso, a selvageria européia.
O Império Otomano estabeleceu o seu poder sobre o mundo árabe nos séculos 16 e 17. Bagdá caiu nas mãos otomanas em 1534, foi perdida logo depois e reconquistada em 1638. A estrutura imperial (a maior que se conhecera desde a queda de Roma), conseguiu estabilidade duradoura respeitando a pluralidade de culturas e os privilégios das elites nas diferentes partes do império. Sua lenta decadência, no século 19, abriu caminho para as potências, que colonizaram o norte da África.
A Primeira Guerra assinalou o colapso otomano e a fragmentação geopolítica do Oriente Médio. A França estabeleceu mandatos na Síria e no Líbano. O Reino Unido, que tinha declarado protetorado sobre o Egito, tornou-se potência mandatária na Palestina, na Transjordânia e no Iraque. A Arábia Saudita unificou-se, mas os britânicos, determinados a controlar as fontes e rotas do petróleo, impediram a unidade da península e retalharam a orla do golfo Pérsico em protetorados. Essa é a origem do Kuait, do Qatar, de Barein e dos Emirados Árabes Unidos.
Saddam Hussein chefiou o núcleo baathista das coalizações militares que governaram o Iraque na década de 70. Em 79, num golpe palaciano, assumiu a Presidência. Durante a Guerra Irã-Iraque (80/88), estruturou uma ditadura feroz, baseada na fusão do Baath com o aparelho de Estado.
O problema de Bush II não é ser contra a expansão de um fundamentalismo islâmico armada sobre a parceria de tiranos e terroristas. Seu problema é representar uma facção da sociedade americana que é muito parecida com esses fundamentalismos quando seus interesses estão em jogo. A comparação entre as sociedades não dá para a saída. A liberdade e a tolerância que se encontram nos EUA, especialmente em Nova York, são inassimiláveis pelas sociedades teocráticas. Mas também incomodam boa parcela dos próprios americanos como Bush II, que, apesar de usar a tecnologia bélica que usa, já deixou bem claro o quanto desconfia da ciência e do agnosticismo. Eis a questão. A desinformação foi bastante utilizada como arma de guerra pela coalização anglo-americana.
História do Iraque
Na Antiguidade, a Mesopotâmia foi o berço das cidades-Estado sumérias, onde floresceram as civilizações acadiana, babilônia e assíria. Sofreu invasões persas e romanas. Mas sua identidade étnica, lingüística e religiosa foi moldada pela invasão árabe do século 7º. Bagdá, fundada para substituir Damasco como sede do califado, tornou-se o centro do mundo árabe-muçulmano que se estendia do Magreb ao Afeganistão. No século 9º, no Iraque, irrompeu a querela de sucessão que originou a dissidência xiita. Sob o califado abácida, o árabe tornou-se uma língua geral dos fiéis do islã, difundindo-se pela África do Norte e grande parte do Oriente Médio. Uma cultura compartilhada assinalou o apogeu do mundo árabe, que contrastava com o atraso, a selvageria européia.
O Império Otomano estabeleceu o seu poder sobre o mundo árabe nos séculos 16 e 17. Bagdá caiu nas mãos otomanas em 1534, foi perdida logo depois e reconquistada em 1638. A estrutura imperial (a maior que se conhecera desde a queda de Roma), conseguiu estabilidade duradoura respeitando a pluralidade de culturas e os privilégios das elites nas diferentes partes do império. Sua lenta decadência, no século 19, abriu caminho para as potências, que colonizaram o norte da África.
A Primeira Guerra assinalou o colapso otomano e a fragmentação geopolítica do Oriente Médio. A França estabeleceu mandatos na Síria e no Líbano. O Reino Unido, que tinha declarado protetorado sobre o Egito, tornou-se potência mandatária na Palestina, na Transjordânia e no Iraque. A Arábia Saudita unificou-se, mas os britânicos, determinados a controlar as fontes e rotas do petróleo, impediram a unidade da península e retalharam a orla do golfo Pérsico em protetorados. Essa é a origem do Kuait, do Qatar, de Barein e dos Emirados Árabes Unidos.
Saddam Hussein chefiou o núcleo baathista das coalizações militares que governaram o Iraque na década de 70. Em 79, num golpe palaciano, assumiu a Presidência. Durante a Guerra Irã-Iraque (80/88), estruturou uma ditadura feroz, baseada na fusão do Baath com o aparelho de Estado.
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