07 janeiro 2008

Livro de bolso avança no mercado (1)

O livro de bolso é a principal forma de democratizar e popularizar os clássicos da literatura, que ainda são muito caros para o poder de compra da maioria dos brasileiros. Esses livros não são direcionados a nenhum tipo de público, já que é possível encontrar desde obras de Machado de Assis às tirinhas do Hagar.

O formato surgiu no Brasil com a "Coleção Globo", lançada na década de 30 – mesma época em que os “pocket books” nasceram nos Estados Unidos, empobrecidos pela recessão da economia norte-americana em 1929. Historicamente não funcionou, até a criação da Edibolso, em 1971, em consórcio liderado pela Editora Abril, passando pelas séries Sagarana (José Olympio) e Saraiva, os livros baratos, menores, de ampla tiragem não decolaram. Em 1997 a L&PM começou a consolidar o mercado a partir do combate do nó central desse segmento, distribuição. O sistema de displays garante espaço nas livrarias.

Muita gente compra livros de bolso essencialmente por causa do preço. Por serem impressos com papel jornal, eles são mais leves, preços acessíveis. Outra vantagem é que pode ser encontrado na farmácia, posto de gasolina, supermercado, banca de jornal. A popularização do formato nos grandes centros do país incentiva o mercado editorial. O crescimento nas vendas despertou as editoras a investirem em novas estratégias de distribuição. Disponibilizar o livro de bolso em lugares de fácil acesso também aumentou o lucro do segmento em 20% em 2005.

Formato muitas vezes rejeitado e freqüentemente associado a edições de má qualidade, o livro de bolso ganhou mais espaço nas livrarias e se firma no mercado brasileiro, mobilizando grandes editoras. A Record lançou o selo BestBolso, com diversos títulos, incluindo um dos principais romances de Umberto Eco, "Baudolino", além de títulos conhecidos como "O Evangelho segundo o Filho", de Norman Mailer, "O Diário de Anne Frank", "A Queda", de Albert Camus, e títulos de autores conhecidos pelos best-sellers, como Frederick Forsyth ("O Negociador") e Graham Greene ("Fim de Caso"). A editora vai lançar uma média de cinco títulos mensais, cada um com tiragem de 6.000 exemplares. Além dos títulos de literatura internacional que começam a chegar às livrarias, a editora guardou para 2008 a edição de uma linha acadêmica e o lançamento dos títulos nacionais, que vai começar com "A Casa das Sete Mulheres", de Letícia Wierzchowzki.

Antes da Record, a Companhia das Letras vinha investindo no segmento desde maio de 2005, com sucesso. Sua linha de bolso já vendeu, até hoje, mais de 450 mil exemplares. As tiragens iniciais dos 57 títulos da linha pocket da Companhia têm entre 4.000 e 5.000 exemplares, com preços até 50% inferiores às brochuras. O recordista da coleção é "Além do Bem e do Mal", de Friedrich Nietzsche, que já vendeu em bolso 38 mil exemplares.

Mas quem se consolidou no mercado foi a gaúcha L&PM, atraindo a atenção do mercado. A L&PM já tem mais de 650 títulos em sua coleção pocket. O sucesso atual dos pocket entre as grandes editoras pode ser explicado por uma combinação entre investimento em qualidade (que ainda permanece como o grande desafio e o calcanhar-de-aquiles do segmento), preços acessíveis e aposta em pontos alternativos de venda.

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