Walter Franco, um dos maiores pesquisadores de nossa música popular, é responsável por experiências totalmente nova (vide “A Cabeça”, no FIC e “Muito Tudo” no Abertura, que causou polêmicas até hoje). Utilizando bastante o silencio, sua voz, um violão simples e um celo, ele dará continuidade aos seus trabalhos. “Por isso eu canto aqui, agora. Feito gente, feito fase como quem vai dormir e depois partir para outra” (Reportagem inicialmente publicada no jornal Tribuna da Bahia de 11 de março de 1976. Gutemberg Cruz).
Antes de mais nada, o trabalho do músico Walter Franco, do poeta, intérprete e compositor que este paulista faz é de vanguarda. Ou mais além: meta-vanguarda, uma vanguarda da vanguarda. Franco é um músico que até agora se manteve equilibrado entre o rótulo de maldito – oriundo da dificuldade de comercialização de seu nome, de sua arte – e o respeito contrito de um entusiasmada e restritíssima legião de admiradores.
Walter, como observou muito bem o jornalista José Miguel Wisnick, “tem um cuidado ritual com as palavras”. Elas são seu utensílio básico, sua matéria prima, sua ferramenta de trabalho. Ele não desperdiça nenhum som. Nem quando compõe, nem quando fala. “A palavra tem que ser exata. Foi João Gilberto que nos ensinou isso. A palavra tem de ser suave e firme e exata como um golpe de karatê”.
ROTULO DE MALDITO
Ele vem de uma experiência quase traumática com a indústria de discos: seu primeiro LP, lançado nos anos 70, teve uma passagem pelas lojas absolutamente misteriosa. Quase nenhuma tinha, e as que tinham escondiam o produto quase com vergonha. Até o rótulo de maldito se ajusta na perfeição.
Sua estréia, no FIC, de 1972, com a paranóica “Cabeça” foi uma apoteose de vaias, só suplantada por sua aparição no Festival Abertura, de 1975, onde urros apoteóticos o impediram de apresentar “Muito Tudo”. Para completar o quadro da maldição, Walter vinha formado em 1973, pelo menos em São Paulo, aquilo que os americanos e ingleses chamam de “cult following”: é uma espécie de guru para um exclusivo e crescente grupo de apreciadores, quase iniciados, de um modo geral pessoas ligadas ao movimento da poesia concreta.
A maior parte do público só conheceu Walter no Festival Internacional da Canção de 1972, com a hipnótica “Cabeça” (“Que que tem nessa cabeça, irmão/sabe que ela pode/ou não/ou não?”). Walter franco sentado num banco, cabelos nos ombros, barba, olhos brilhantes, repetindo numa língua entre a fala e o canto o “que que tem nessa cabeça irmão?”.
Com eco, sem eco, em distorção, free-back. Em volta, a platéia vaiando num coro uníssono, quase apoteótico. “Foi um momento de grande violência. Eu sabia que estava confundindo as pessoas lançando o sim e o não numa contagem muito rápida. As pessoas reagiam jogando de volta uma carga negativa fortíssima, mesmo quando eu repetia uma palavra positiva como irmão”.
Rejeitado pelas gravadoras durante muito tempo, sob as alegações de que seu trabalho era pouco comercial, Walter Franco não aceitou fazer concessões e não se abalou com as vaias que caíram sobre ele e sua “Cabeça” no FIC. Naquele dia, ele ouviu do compositor argentino Astor Paiazzola, o maior nome do tango moderno; “Isso não é apenas uma musica, é uma revolução”. Depois do Festival, já contratado pela Continental, ele fez seu primeiro LP, produzido por Rogério Duprat e considerado um dos melhores de 1973.
Antes de mais nada, o trabalho do músico Walter Franco, do poeta, intérprete e compositor que este paulista faz é de vanguarda. Ou mais além: meta-vanguarda, uma vanguarda da vanguarda. Franco é um músico que até agora se manteve equilibrado entre o rótulo de maldito – oriundo da dificuldade de comercialização de seu nome, de sua arte – e o respeito contrito de um entusiasmada e restritíssima legião de admiradores.
Walter, como observou muito bem o jornalista José Miguel Wisnick, “tem um cuidado ritual com as palavras”. Elas são seu utensílio básico, sua matéria prima, sua ferramenta de trabalho. Ele não desperdiça nenhum som. Nem quando compõe, nem quando fala. “A palavra tem que ser exata. Foi João Gilberto que nos ensinou isso. A palavra tem de ser suave e firme e exata como um golpe de karatê”.
ROTULO DE MALDITO
Ele vem de uma experiência quase traumática com a indústria de discos: seu primeiro LP, lançado nos anos 70, teve uma passagem pelas lojas absolutamente misteriosa. Quase nenhuma tinha, e as que tinham escondiam o produto quase com vergonha. Até o rótulo de maldito se ajusta na perfeição.
Sua estréia, no FIC, de 1972, com a paranóica “Cabeça” foi uma apoteose de vaias, só suplantada por sua aparição no Festival Abertura, de 1975, onde urros apoteóticos o impediram de apresentar “Muito Tudo”. Para completar o quadro da maldição, Walter vinha formado em 1973, pelo menos em São Paulo, aquilo que os americanos e ingleses chamam de “cult following”: é uma espécie de guru para um exclusivo e crescente grupo de apreciadores, quase iniciados, de um modo geral pessoas ligadas ao movimento da poesia concreta.
A maior parte do público só conheceu Walter no Festival Internacional da Canção de 1972, com a hipnótica “Cabeça” (“Que que tem nessa cabeça, irmão/sabe que ela pode/ou não/ou não?”). Walter franco sentado num banco, cabelos nos ombros, barba, olhos brilhantes, repetindo numa língua entre a fala e o canto o “que que tem nessa cabeça irmão?”.
Com eco, sem eco, em distorção, free-back. Em volta, a platéia vaiando num coro uníssono, quase apoteótico. “Foi um momento de grande violência. Eu sabia que estava confundindo as pessoas lançando o sim e o não numa contagem muito rápida. As pessoas reagiam jogando de volta uma carga negativa fortíssima, mesmo quando eu repetia uma palavra positiva como irmão”.
Rejeitado pelas gravadoras durante muito tempo, sob as alegações de que seu trabalho era pouco comercial, Walter Franco não aceitou fazer concessões e não se abalou com as vaias que caíram sobre ele e sua “Cabeça” no FIC. Naquele dia, ele ouviu do compositor argentino Astor Paiazzola, o maior nome do tango moderno; “Isso não é apenas uma musica, é uma revolução”. Depois do Festival, já contratado pela Continental, ele fez seu primeiro LP, produzido por Rogério Duprat e considerado um dos melhores de 1973.
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